CRÉDITOS:
este post encontrei no BLOG DO JORNALISTA RÔMULO MAIA, piseichao.blogspot.com, vale a pena espiar, viu?!?!... muita coisa legal..e como a D. Beth Cuscuz é nossa conterrânea achei legal dividir com os regenerenses aqui no blog...
Ele é bonito, lindo e joiado. Já gravou oito discos. Escreveu um livro. Feito doido, anda sempre com um girassol engrampado na lapela do paletó. Bebeu cajuína na casa de Dona Beth Cuscuz. Nunca conviveu com um Emo. Nem com um Colorido. Acha que Ceará e Piauí deviam se unir e criar uma “república anarcocrata e salvar o Brasil”. E sua obra litero-musical tanto pode “cair na levada brega de Kurt Cobain”, como no “chacundum new age de Amado Batista”.
Sim, ó leitor descrente, estamos falando do maior ícone da fulerage tupiniquim, o coisativo Marcondes Falcão Maia, o Falcão, que concedeu uma entrevista bem boazinha ao Pisei Chão.
Sem mais delongas, espie:
- Se não me engano, você já gravou oito discos e escreveu um livro. Mesmo nos seus pensamentos mais otimistas, imaginava que esse personagem bonito, lindo e joiado seria um sucesso tão duradouro?
R – É verdade, são oito discos e mais um livro (Leruaite-Dog’s au-au, it’s not nhac-nhac). Antes de maiores delongas, devo dizer que não considero o Falcão um personagem, no sentido teatralístico da coisa. Falcão sou eu mesmo, e eu sou Falcão, quer dizer: não uso de nenhum escamoteamento personalizativo para expor meu pensamento. Por outro lado, realmente nunca pensei haver tanta gente interessada em tal marmota, a ponto de eu ficar todos esses anos nas paradas. Porém enquanto houver um só cristão querendo, seguirei nessa fuleiragem.
- Já ouvi que o “Falcão é mais punk que o Nirvana e mais brega que o Amado Batista”. Você se enquadraria em algum estilo?
R – Todo artista de algum sucesso, recebe logo uma ruma de rotulações, mas eu, por não ter linha nenhuma, me enquadro e até aceito de bom grado toda e qualquer adjetivação. Mesmo porque, no frigir dos ovos, eu sou mesmo tudo isso, tanto posso cair na levada brega de Kurt Cobain, como embalar meus versos no chacundum new age de Amado Batista.
- Tem planos para alguma nova empreitada artística?
R – Sim, o que não me falta são planos, projetos e proposituras. Já estão em fase de produção executiva meu novo CD e o primeiro DVD da minha carreira, tudo gravado ao vivo, em São Paulo, e com surpresas realmente surpreendentes. Além disso, penso em voltar pra TV, com um programa que ainda não tem formato, mas que, com certeza, será também filosófico, pedagógico, fuleiro e bem bonzim.
- Você faz sátiras explicitas sobre músicas consagradas, como no caso de 'Divina Comédia Humana' de Belchior. Nesses casos, você acha que a besteira é a base da sabedoria ou toda sabedoria esconde um pouco de besteira querendo "se libertar"?
R – Na realidade, o que eu faço são citações. Toda minha obra lítero-musical está repleta disso, veja por exemplo: Na música Holiday foi muito, cito Russeau “O homem é lobo do homem”; em Prometo não ejacular em sua boca, cito Jimi Hendrix “Pelas marcas de pneu nas suas costas, eu vejo que você andou se divertindo”; em A + B, cito Eno Teodoro Wanke “Já está provado por a+b, que a+b não prova nada”, e por aí vai. Aliás isso é coisa que eu aprendi com o próprio Belchior, que é useiro e vezeiro nessa prática e, nessa mesma música - Divina comédia humana – cita Olavo Bilac “Ora direis, ouvir estrelas, certo perdestes o senso...”. Esse fato se repete quase espontaneamente, parece até que a sabedoria recôndita quer aflorar em meio a besteira.
- Grandes nomes da música e cultura nacionais já participaram de gravações suas, como Xangai e Zé Ramalho. Já houve algum contato com Jessier Quirino? Para o DVD, não seria uma boa oportunidade?
R – Já gravei também com a banda Barão Vermelho e Waldick Soriano, e pra o novo CD estou já com vários convidados na agulha, só esperando suas aceitações. Quanto ao meu amigo Jessier, que também é arquiteto, no futuro, gostaria muito de fazer um leruaite junto com ele, aguardem.
- Seus rendimentos provêm todos do Falcão ou o Marcondes Falcão Maia exerce alguma atividade fixa?
R – É a minha arte que me sustenta. Mais os shows que qualquer outra coisa. Infelizmente, no Brasil, o artista não consegue viver nem da venda de discos ou de livros, muito menos de direitos autorais provenientes desse trabalho. Mais prafrentemente gostaria eu de trabalhar também com arquitetura, quem sabe ser uma espécie de Oscar Niemayer pós-tropicalista.
- No Twitter você já criou uma micronovela, um horóscopo, uma quadro de receitas e até um “balcão de empregos”. Foi preciso alguma reinvenção no seu modo de fazer humor para se adaptar à internet ou encaixou fácil?
R –
Duas coisas precisam ser ditas: Primeiro que eu não me considero um trabalhador do humor, ou seja, eu sou apenas um cantor/compositor que usa do humor nato, pra melhor chegar junto às pessoas. Segundo que, esse negócio de internet, principalmente os ditos sites de relacionamento, até outro dia eu não curtia e até achava perda de tempo, talvez por desconhecimento. Mas agora eu me acho, talvez, a criatura que mais se adaptou ao Twitter, ao facebook e à blogosfera, porque lá eu posso derramar toda minha verve despudoradamente; no Twitter, homeopaticamente; no Facebook, um pouco mais explicativo; e no blog é onde a coisa se desenvolve com mais substância.
- O que você acha dos Emos? E dos Coloridos?
R – Eu não tenho nem muito respaldo pra falar desse pessoal, porque não conheço direito. Nunca os vi, ou convivi pessoalmente, nem nunca escutei sua música. Porém acho que faz parte, todas as gerações têm que gerar seus arquétipos, e a adolescência foi feita pra isso mesmo, pro sujeito soltar a franga, no bom sentido, e desafiar o que está posto. Claro que a gente sempre acha que a nossa geração é que fez isso melhor. Mas sempre que essa polêmica surge, eu me lembro de Caetano Veloso, quando alguém criticou a má qualidade do axé music, ele disse que “Mamãe eu quero” ou “A cabeleira do Zezé”, também não eram lá essas coisas...
- Homem que é homem ajeita sobrancelha, tira a barba e os pentelhos com cera quente e usa maquiagem no dia-a-dia?
R – Na minha terra, homem que é homem não faz nada disso, nem toma banho morno, nem chupa picolé, nem usa brinco, nem assiste novela...Esse homem “muderno”, que a imprensa gay quer nos empurrar, não tem vez lá na serra do Pereiro.
- Qual a maior experiência que tirou de um chifre?
R – Todo corno tem que ser manso. O corno moderno tem que saber que o chifre é uma dádiva, um presente que sua mulher lhe aplicou com todo amor e carinho, que você tem que cultivar e administrar com sapiência. Um chifre bem conduzido pode redimir a vida de um cidadão e até levá-lo ao reino dos céus.
- Você já pegou alguma famosa?
R – Não, ainda não. E talvez nem queira, deve dar muito trabalho.
- Parece ser uma tendência do brasileiro achar que todo político é ladrão. Você concorda com isso ou não é bem por aí?
R – Não é que o brasileiro tenha a tendência de achar que todo político é ladrão, o problema é que quase todo político, no Brasil, tem a tendência a ser gatuno. Mas eu entendo ser uma herança maldita, uma cultura nojenta, que temos que lutar contra a cada eleição que acontecer. Platão disse: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. No Brasil, a maioria não gosta; os que gostam, na sua maioria querem se locupletar e, por isso estão no poder.
- Conhece alguma coisa no Piauí?
R – Claro! Conheço o Piauí quase todo, toda a sua beleza natural: de Parnaíba à Serra da Capivara, de Mão Santa a João Cláudio; já tomei banho no Poti e já bebi cajuína na casa de Dona Beth Cuscuz. Tenho o maior apreço pelo seu estado por sermos muito parecidos, Ceará e Piauí deviam se unir, criar uma república anarcocrata e salvar o Brasil.